segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Clarisse.

E Clarisse está trancada no banheiro. E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete deitada no canto, seus tornozelos sangram. E a dor é menor do que parece. Quando ela se corta ela se esquece que é impossível ter da vida calma e força. Viver em dor, o que ninguém entende, tentar ser forte a todo e cada amanhecer. Uma de suas amigas já se foi. Quando mais uma ocorrência policial, ninguém me entende, não me olhe assim com este semblante de bom-samaritano cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente. Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente. Nada existe pra mim, não tente. Você não sabe e não entende. E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito. Clarisse sabe que a loucura está presente e sente a essência estranha do que é a morte. Mas esse vazio ela conhece muito bem de quando em quando é um novo tratamento [...] Clarisse está trancada no seu quarto com seus discos e seus livros, seu cansaço. Eu sou um pássaro me trancam na gaiola e esperam que eu cante como antes. Eu sou um pássaro me trancam na gaiola, mas um dia eu consigo resistir e vou voar pelo caminho mais bonito. Clarisse só tem quatorze anos.

Para minha mãe.