"Andava com mania de suicídio e com crises de depressão aguda; não
suportava ajuntamentos perto de mim e, acima de tudo, não tolerava
entrar em fila comprida pra esperar seja lá o que fosse. E é nisso que
toda a sociedade está se transformando: em longas filas à espera de
alguma coisa. Tentei me matar com gás e não consegui. Mas tinha outro
problema. Levantar da cama. Sempre tive ódio disso. Vivia afirmando: "as
duas maiores invenções da humanidade foram a cama e a bomba atômica;
não saindo da primeira, a gente se salva, e, soltando a segunda, se
acaba com tudo". Acharam que estava louco. Brincadeira de criança, é só
disso que essa gente entende: brincadeira de criança - passam da
placenta pro túmulo sem nem se abalar com este horror que é a vida.
Sim, eu odiava ter que me levantar da cama de manhã. Significava que a
vida ia recomeçar e depois que se passa a noite inteira dormindo cria-se
uma espécie de intimidade especial que fica muito mais dificíl de abrir
mão. Sempre fui solitário. Você vai me desculpar, creio que não regulo
bem da cabeça, mas a verdade é que, se não fosse por uma que outra
trepadinha legal, não me faria a mínima diferença se todas as pessoas do
mundo morressem. É, eu sei que isso não é uma atitude simpática. Mas
ficaria todo refestelado aqui dentro do meu caracol. Afinal de contas,
foram essas pessoas que me tornaram infeliz." (Fabulário Geral do Delírio Cotidiano: Ereções, Ejaculações e Exibicionismos - Parte II)
domingo, 18 de agosto de 2013
Vermelho feito camarão.
Vomitado por charlotte às 19:41