''Pra começar, não estou apaixonado por ninguém. Para ser sincero, acho que o amor é uma baita bobagem. Acho que ninguém ama ninguém. No máximo, as pessoas ficam com tesão: com tesão e com medo. Então, quando encontram alguém por quem sentem tesão e têm medo demais para encarar o mundo lá fora, ficam juntas e falam que é amor. Segundo, não tem ninguém que eu odeie. Quer dizer, conheço uma porrada de bundas-moles. Mas eles são só isso. Uns bundas-moles. Não conheço ninguém maldoso. Quer dizer, em livros e filmes tem o vilão, e você sabe logo de cara quem ele é porque, sei lá, ele é mau. E tem também o cara bonzinho e não importa o que aconteça, ele sempre sabe quem é o malvado. E eu nem tenho um amigo do peito. Bom, pode ser que você não ache nada disso interessante, nem que seja motivo pra acabar com tudo, nem nada, mas está errado. Não que isso seja mesmo interessante, mas está errado porque é, sim, uma boa razão pra cair fora mais cedo. Quer dizer, nada faz sentido. E se não faz sentido, tanto faz estar morto. Até parece que vai fazer diferença pra alguém.'' (Morte: O Alto Preço da Vida)