Moro em Bananal há doze anos. Doze anos de contestação, questionamento e indignação: porquê aqui, porquê? Cresci com isso. Cresci ouvindo minha mãe se queixando da suposta cagada que meu pai fez, de nos tirar de uma metrópole e nos trazer para uma vida pacata de cidade pequena. Claro que com cinco anos não se tem uma grande noção disso, e claro que eu não senti esse choque de transição de realidades. Mas minha mãe me ensinou a sentir isso. Cresci carregando um pessimismo, não pela cidade necessariamente, mas pela vida hipotética que poderia estar tendo em São José dos Campos. E daí surgiu meu ódio por Bananal. Eu sempre imaginava que estava perdendo por morar aqui e que lá seria melhor. Então isso passou a me cegar. Toda discussão que eu tinha na escola, desabava no choro e pensava: não era para eu estar passando por isso, não era. Comecei a viver em função de lá. E minha mãe alimentava esse meu erro a cada dia. Por um bom tempo, nunca fui capaz de enxergar os aspectos positivos daqui. Eram só lastimas. E sempre que meus pais se encontravam, minha mãe gritava histericamente para ele que era para eu estar em bons colégios lá. Ok, pode ser. O problema é que vivi de muitos ''se'' durante todo esse tempo. Foram tantas suposições negativas de inverdades. E acho que só enxerguei isso agora mesmo, porquê olha, sem perceber aqui estou eu escrevendo meu primeiro texto positivo sobre minha cidade. Culpei Bananal demais. Mas foi estudando aqui que hoje passei no vestibular e estou na turma de psicologia de 2011. Foi crescendo nessa cidadezinha de dez mim habitantes que formei meu caráter e minha personalidade. Cidade pequena carrega aquele esteriótipo de gente sem vida. E posso dizer sem dúvida nenhuma, que foi aqui aonde eu mais vivi com meus amigos na minha fase adolescente. Hoje, esses dias estão contados, em janeiro eu vou embora e isso é excitante para mim. Bananal tem uma rotina desgraçada que cansa mesmo. Bananal tem pessoas que te desanimam de viver. Bananal tem ambientes que te enojeiam. Mas afirmo sem vergonha nenhuma, que sinto uma dorzinha (pequena, mas ela existe) em deixar essa ''merda'' toda. Ficam aqui minha despedidas.